[Arte Marcial] Praticar sem se apressar

Autor: Jeffi Chao Hui Wu

Data: 2025-7-19 Sábado, às 6:07 da manhã

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[Arte Marcial] Praticar sem Sofrer
Muitas pessoas praticam, especialmente em posturas como a de pé, a posição de cavalo e o galo de pé, e a frase que mais ouvem é: “Aguente firme, passe por isso!”
Mas agora eu digo claramente: o verdadeiro objetivo da prática não é “sofrer”, mas sim “não precisar sofrer”.
Não é medo da dor. No início da prática, realmente será difícil, você vai tremer, sentir dor, hesitar, isso é inevitável. Mas se, após alguns meses ou anos, você ainda só consegue completar cada sessão de prática ou cada postura de pé “aguentando firme”, isso não significa que você dominou a técnica, mas sim que seu corpo ainda não se abriu.
Eu também passei por essa fase.
Quando comecei a praticar a postura de cavalo, não conseguia ficar em pé nem um minuto, após cinco minutos meus joelhos tremiam, minhas pernas doíam, e eu estava completamente exausto. Antes de cada prática, eu precisava “lutar” mentalmente — resistindo, hesitando, antecipando a fadiga. Mas, mesmo assim, consegui ficar em pé dia após dia, finalmente alcançando quinze minutos, trinta minutos. No entanto, esse estado de “conseguir ficar em pé” não me trouxe conforto real.
Cada vez parecia que eu estava “sofrendo o tempo”, embora externamente eu tenha conseguido, internamente ainda havia resistência. Até que um dia, a situação mudou.
Agora, quando pratico a postura de cavalo, faço isso por quinze minutos todos os dias, sem nenhum peso psicológico, e não sinto que estou “cumprindo uma tarefa”. Assim que meus pés tocam o chão, minha estrutura se sustenta sozinha, a energia se acomoda automaticamente, meu corpo fica relaxado e pesado, meus joelhos e quadris se tornam flexíveis, minhas coxas suportam o peso de forma estável, e meus pés tremem levemente, mas não estão rígidos nem cansados. Muitas vezes, eu nem olho para o tempo, mas sim deixo que “meu corpo me diga automaticamente” quando começar e quando terminar.
Esse é o estado que quero compartilhar hoje: praticar sem sofrer.
O que se entende por “praticar sem sofrer” não é encontrar desculpas para praticar menos, nem é preguiça, mas sim, após atingir um certo ponto, os quatro sistemas — corpo, estrutura, energia e intenção — se alinham, e você entra em um novo estado de colaboração integral.
Não é você que força seu corpo, mas sim seu corpo que o sustenta ativamente.
Não é você que se obriga a praticar, mas sim seu corpo que começa a querer praticar ativamente.
Não é você que conta o tempo, mas sim você entra no “tempo do corpo” — seu corpo começa a regular o ritmo da prática de forma autônoma.
Assim como agora, quando fecho os olhos e faço o galo de pé, consigo ficar em pé por 10 minutos, e com os olhos abertos, consigo ficar em pé em cada pé por mais de 40 minutos, não é por força de vontade, mas sim porque, ao ficar em pé, “eu não estou me esforçando, meu corpo está me sustentando”.
Esse estado é o resultado da estrutura e da percepção, não é um resultado obtido pela força de vontade.
O mesmo se aplica à prática. Todo fim de semana, pratico “passos leves” por duas ou três horas, caminhando suavemente, com a intenção relaxada, a energia fluindo livremente, e ao final, me sinto ainda melhor.
Se eu depender da força muscular, não conseguiria caminhar nem uma hora, quanto mais três.
Mas, uma vez que a estrutura se abre, caminhar não é mais um desgaste, mas sim “ajustar o corpo enquanto caminha, unificando-se enquanto se move”.
✦ Não é preciso forçar, mas sim ser mais forte: essa é a verdadeira essência da arte marcial
Mais tarde, percebi que o que muitas pessoas chamam de “persistência” é, na verdade, apenas uma tentativa de encobrir uma estrutura errada com força de vontade.
Claramente, a energia não está estabilizada, a estrutura não está sustentando, a respiração não está fluindo, mas ainda assim, estão competindo com o tempo e com a vontade.
Você pode aguentar, mas isso não significa que você está praticando corretamente;
Você pode não aguentar, mas isso não significa que você não está se esforçando, mas sim que o método está errado e o corpo não está colaborando.
A verdadeira arte marcial é quando a estrutura se sustenta automaticamente, a energia flui naturalmente, e a intenção se estabiliza sem flutuar.
Uma vez que o corpo entra no “modo de operação autônoma”, você pode até esquecer o tempo, porque não se trata mais de “fazer a prática”, mas sim de retornar ao estado natural que o corpo deveria ter.
✦ Não se basear na dor para obter progresso, mas sim usar o “certo” para alcançar a “estabilidade”
No mundo do fitness, há uma frase popular: “Sem dor, sem ganho.”
Mas a conclusão que cheguei na prática é exatamente o oposto: o verdadeiro ganho nunca depende da dor.
A dor é apenas um lembrete de que há algo resistindo;
Relaxar, estabilizar e fluir é o verdadeiro resultado que o corpo aceita.
Se você só consegue sentir que está praticando de forma eficaz através da “dor”, isso significa que você não está realmente se envolvendo na prática, mas sim “batendo no corpo”, em vez de colaborar com ele.
E quando você fica cada vez mais confortável na postura, caminha cada vez mais leve, e se sente cada vez mais disposto a realizar os movimentos, isso é seu corpo dizendo: “Obrigado por finalmente fazer isso da maneira certa.”
✦ “Praticar sem sofrer” é um divisor de águas, é um ponto de despertar
“Sofrer” é uma palavra de incentivo para iniciantes;
“Praticar” é o caminho que os praticantes internos realmente percorrem.
Após ultrapassar esse divisor de águas, você descobrirá:
Que seu corpo pode realmente ficar em pé de forma tão confortável;
Que na “quietude” realmente há força, e na “relaxação” realmente há estabilidade;
Que não é necessário “persistir”, porque seu corpo já está ajudando você.
Eu pratico a postura de cavalo por quinze minutos todos os dias, não para marcar presença, não para exibir habilidades, e nem para competir com o tempo,
mas sim porque esse tempo é o que mais me permite perceber o peso, o relaxamento e a estabilidade do meu corpo.
Após a prática, minha respiração flui melhor, minhas pernas ficam mais leves, e minha mente mais clara.
Portanto, não confunda “praticar por muito tempo” com “praticar bem”;
E não pense que “praticar com dor” é o mesmo que romper barreiras.
A verdadeira transformação é passar pela fase de “sofrer” e entrar no estado de “sustentação natural”.
Nesse momento, você entenderá o que significa “ficar em pé”, o que significa “a energia se estabilizar”, e o que significa “a estrutura sustentar”.
Isso é — praticar sem sofrer!

Fonte: http://www.australianwinner.com/AuWinner/viewtopic.php?t=696937